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EmpreInove apresenta cenários para os negócios e à sociedade

22/11/2023
Eventos

Como tornar mais profissional a governança corporativa? De que maneira se preparar para as transformações sociais e no consumo? Quais os indicadores econômicos do país para o próximo ano? O que uma empresa precisa para se manter relevante no futuro?

Essas foram algumas das perguntas centrais que nortearam a edição 2023 do EmpreInove – Fórum Estadual de empreendedorismo, Estratégia e Inovação. A programação ocorreu ontem, no Complexo Cultural da Univates.

Cerca de 400 empresários, gestores e analistas acompanharam as palestras com o professor e consultor empresarial, Carlos Alberto Vargas Rossi, com o Head de Inovação da Ayoo e futurista, Luiz Candreva, e com o ex-ministro da Fazenda, diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, Joaquim Levy. No encerramento, painel com o CEO da Neugebauer, Ricardo Vontobel, com a diretora da Gota Limpa, Camile Bertolini Di Giglio e com o diretor da Docile Alimentos, Ricardo Heineck.

“Mantivemos o EmpreInove pois consideramos que, embora estejamos desafiador, de uma nova enchente, a vida precisa continuar. Estamos aqui pois precisamos gerar renda, riquezas e trabalho às pessoas”, afirma o diretor Executivo do Grupo A Hora, Adair Weiss.

A presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Graciela Black, realça o propósito de separar uma tarde para debater negócios e buscar experiências diversas para adotar processos de crescimento dentro das organizações.

O EmpreInove é uma realização do Grupo A Hora e da Acil. Conta com o patrocínio do Colégio Gustavo Adolfo, Brasrede, Thérapi, Smart Tecnologia, Cooperativa Sicredi e Grupo Imec. O apoio Origen Invest/Safra Invest.

“A governança existe para deixar nossas empresas mais seguras”

Conselheiro de empresas certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)e professor universitário, Carlos Alberto Vargas Rossi, abriu a programação.

O especialistas apresentou os desafios, as experiências e características fundamentais para o sucesso de um sistema de governança nas empresas. Rossi contextualizou a evolução da administração e de como unir o conhecimento científico à veia empresarial. “A governança existe para deixar nossas empresas mais seguras.”

Em cima disso, salientou a importância de haver conselheiros independentes, sem vínculos com a atual ou anterior com as organizações para garantir um olhar novo sobre a saúde do negócio.

Sobre o papel do conselho, o professor dividiu as funções em monitoramento e estratégia.

“Monitoramento, controle, exposição a riscos. No geral, a estratégia é o privilégio definitivo do conselho.”

Ao abordar conflitos, Rossi afirmou que “os melhores conselhos de administração são lugares muito desconfortáveis e é assim que devem ser”. O que se deve evitar, assinalou o conflito de interesses.

“Esse é inaceitável. Evitar isso é um dos deveres fundamentais do conselho. Dever de cuidado, de lealdade e dever de integridade. O conselho deve assegurar que sempre os conflitos de interesses sejam declarados.”

“O futuro é de quem sabe navegar no caos e fica confortável nele”

Estar preparado às transformações da sociedade e ver oportunidade quando ocorre alguma disrupção. Foi nesta linha a contribuição do futurista, Head de Inovação da Ayoo, Luiz Candreva. Colunista da CBN desde 2018, diretor de criação do Disruptive, o palestrante também é professor.

Candreva compartilhou seis lições que podem guiar empresas, governos e indivíduos frente às transformações sociais e tecnológicas. “O futuro é de quem sabe navegar no caos e fica confortável nele.”

Para ele, é necessário se preparar a partir de dados, cenários, perspectivas e não por opiniões. “É preciso enxergar para além das perspectivas pessoais. Compreender as dores essenciais das pessoas é crucial para a inovação. Empresas bem-sucedidas visualizam como meta resolver problemas fundamentais, adaptando-se às transformações e às demandas do mercado.” Justo neste aspecto está outra lição, a tendência crescente de personalização e individualização no futuro. “Cada experiência é única, e o futuro não seguirá um padrão fixo.”

Como terceira lição, “ o futuro não pode ser visto com olhos do passado”, afirmou Candreva. Ele sugeriu que o olhar para frente deve ser livre de amarras, permitindo a exploração de possibilidades inovadoras sem a influência limitadora de paradigmas ultrapassados.

Neste sentido, alertou para as mudanças impostas pela Inteligência Artificial. “Não se trata de ser contra ou a favor. Mas quem não usar, vai ficar para trás. É como querer ficar usando lampião enquanto os concorrentes têm eletricidade.”

Para ele, o profissional mais valioso é aquele que terá capacidade de resolver problemas complexos. “Então peço para todos que ampliem suas caixas de ferramentas. Busquem aprender coisas novas todos os dias. Isso não é difícil, basta viver. Viver o presente, de verdade. Assim estará mais preparado para o futuro.”

“O que precisamos é aumentar a produtividade”

O ex-ministro da Fazenda e atual diretor do Banco Safra, Joaquim Levy, fez uma análise das duas principais economias mundiais (EUA e China), da Argentina, e como os indicadores posicionam o Brasil para 2024 e 2025. Ele apresentou um cenário otimista para o país. “Felizmente, a economia não está ruim. Primeiro, a inflação despencou bastante, puxada por fatores globais. A taxa de juros está em queda. O preço dos alimentos vem caindo, o que faz com que a inflação industrial também caia,” afirmou Levy.

Ressaltou que a queda na inflação aconteceu sem o Brasil  enfrentar uma recessão e que o mercado de trabalho se manteve mais alto do que antes da pandemia. “Está dentro da faixa de tolerância da meta, e o risco imaginado de 4,6% de inflação pode ser menor, se o combustível continuar caindo e o dólar estiver estável. Isso dá fôlego para queda dos juros e para o crescimento. Comida mais barata está ajudando a aumentar o consumo.”

Nas exportações, Levy destacou os avanços nos principais produtos, como petróleo, soja, milho e ferro. Esses  úmeros devem se repetir nos dois próximos anos. “Sem dúvida teremos desafios. Os fatores climáticos são um deles. Também a gestão fiscal do governo traz  reocupação.”

Para ele, mesmo com a queda do PIB no ano que vem, o cenário é estável, pois há muitos estoques para serem comercializados. “Há demanda. As pessoas estão gastando mais e também com uma renda estável. O que precisamos é aumentar a produtividade.” Em cima disso, ressaltou que para o Brasil conseguir cobrir o rombo fiscal é necessário manter um crescimento entre 2% a 3% do PIB nos próximos anos. “Assim é possível cobrir o déficit público sem majorar impostos.”

“Se você parar, outro toma o teu lugar”

No painel de encerramento do EmpreInove, três diretores de empresas consolidadas apresentaram detalhes das estratégias de gestão e como buscar a profissionalização de processos, tanto no escopo da liderança quanto na equipe de funcionários.

O CEO da Neugebauer, Ricardo Vontobel, a diretora da Gota Limpa, Camile Bertolini Di Giglio e o direto da Docile Alimentos, Ricardo Heineck, destacaram como um pilar uma administração atenta ao presente, com um olhar ativo sobre cenários futuros e necessidades dos consumidores.

“Se você parar, outro toma o teu lugar. Na Neugebauer, fizemos uma reestruturação na última década e hoje ocupamos a terceira posição entre chocolates no país. Para conseguir isso, é investimento e muito trabalho. Se estagnar, perde mercado.”

Para Camile, na gestão das empresas, mesmo as familiares, é preciso um olhar profissionalizado, com foco nos valores da organização. “Sem dúvida temos de nos atualizar. Se tiver que mudar processos, áreas de atuação, que se faça, mas sempre mantendo os princípios e valores da empresa.”

Em cima disso, ressaltou: “inovação é feita pelas pessoas. Então temos de valorizá-las para que possam pensar em conjunto com os proprietários.” Neste sentido, Ricardo Heineck enalteceu a necessidade de aprendizado. “Vamos errar. Sem dúvida.”

O bom seria aprender com o tombo dos outros. Mas não é assim. É quando erramos que aprendemos.”

Para ele, empresa sólida no futuro se faz hoje. “É o trabalho de agora que fará o amanhã. Anos atrás eu pensava que governança não era para nós. Que não tínhamos tamanho para isso. Estava enganado. É fundamental agregar pessoas com inteligência para podermos crescer.”

Grupo A Hora

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