Do cenário econômico e político ao impacto das tecnologias e às habilidades necessárias para liderar. O Fórum de Empreendedorismo, Estratégia e Inovação (EmpreInove) 2025, aconteceu na tarde da quinta-feira (06) no Clube Tiro e Caça em Lajeado e consolida-se como um espaço de análise e convergência entre empresários, gestores e formadores de opinião. Promovido pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) e pelo Grupo A Hora, o evento reuniu cerca de 400 participantes para refletir sobre o futuro dos negócios e o papel do setor produtivo diante das transformações em curso.
A programação trouxe especialistas de diferentes áreas para as empresas crescerem de forma sustentável, mantendo estabilidade e competitividade. O formato mesclou painéis e palestras com espaço para networking e troca de experiências entre empresários e executivos da região e do estado.
Na abertura do evento, o diretor-executivo do Grupo A Hora, Adair Weiss, destacou o papel do EmpreInove como um ambiente para o diálogo responsável e baseado em evidências. “Vivemos um tempo de discursos que dividem, e não de ideias que constroem. O EmpreInove é um fórum de convergência, um espaço para pensar o país de forma estruturada, não em achismos ou paixões. Nosso papel é contribuir para decisões empresariais mais conscientes e um debate público mais racional”, afirmou. O presidente da Acil, Joni Zagonel, reforçou a importância de o empresariado assumir protagonismo político e econômico em um ano pré-eleitoral. “Estamos em um momento decisivo. Os empresários precisam ocupar o debate, influenciar a agenda e defender um país que favoreça quem produz, quem emprega e quem paga impostos”, frisou.
Entre os temas da tarde, estiveram a transformação digital nas empresas, os desafios emocionais da liderança contemporânea e o papel da iniciativa privada na reconstrução institucional do país.
Carga tributária e o papel do empresariado
No painel de abertura da programação, o presidente da Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Rodrigo Souza Costa, mediou o debate com o diretor de Relações Institucionais da Randoncorp e presidente do Conselho do Banco Randon, Joarez José Piccinini, e com a presidente da Goemil S/A, Alaidete Brenner. Piccinini analisou o peso da carga tributária e os reflexos sobre o emprego formal. “Um trabalhador com salário de R$ 2 mil custa R$ 3,7 mil para o empregador e leva para casa R$ 1,6 mil. A diferença é maior que o próprio salário. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio. Quem gera renda e paga impostos deveria ter mais capacidade de influenciar o destino do país”, frisou. O painelista também destacou o atraso do país em infraestrutura, ao comparar o país a economias emergentes dos BRICS. “Enquanto China e Índia ampliam redes de transporte e energia, seguimos com gargalos logísticos que encarecem o custo de produção. É urgente investir em rodovias, hidrovias, ferrovias e aeroportos”, falou.
Alaidete concentrou a abordagem na importância do associativismo e da ação coletiva como instrumento de transformação. “O empresário precisa participar ativamente da sociedade, debater políticas públicas e buscar aperfeiçoamento”. Ela ressaltou o papel dos empreendedores locais. “Lajeado e o Vale do Taquari são exemplos de engajamento. Quando há união e propósito, o setor produtivo encontra soluções antes mesmo do poder público”, comentou.
Costa encerrou o painel com uma reflexão sobre o ambiente político e o papel das instituições. “Temos de reduzir o conflito entre pobres e ricos, empresários e trabalhadores. O Rio Grande do Sul chegou até aqui pelo esforço coletivo. O desafio é retomarmos o protagonismo da sociedade organizada. Apoiar o governo quando estiver alinhado a nossos valores e confrontar quando se afastar deles”, finalizou.
“Equilíbrio emocional é condição para liderar”
O palestrante Guilherme Amaral, Carnegie Master e CEO da Dale Carnegie Minas Gerais, destacou, em sua exposição, que a saúde mental dos líderes é determinante para o engajamento das equipes e a sustentabilidade das empresas “Nada funciona se os relacionamentos estiverem adoecidos. A empresa pode ter planejamento e metas, mas sem autocontrole, autoestima e confiança, tudo desaba”, compartilhou.
Em uma fala repleta de exemplos práticos, Amaral explicou que a liderança moderna exige mais do que capacidade técnica. “A energia que gastamos com pensamentos negativos é maior do que com os positivos. Liderar exige serenidade e consistência. Em momentos desafiadores, a calma e o foco são o que garantem o resultado”, defendeu. Neste sentido, o engajamento das equipes depende da relação com o líder direto. “Mais de 80% dos profissionais engajados dizem que o principal motivo é a satisfação em trabalhar com o chefe imediato. Se a equipe não está motivada, o problema não está nela, está na liderança”, citou.
O especialista defende que gestores aprendam a delegar, desenvolver autonomia e ouvir mais. “Quando alguém chega com um problema, devolva com método: qual é o problema? quais as causas? Quais as possíveis soluções? E, qual é a melhor alternativa? Assim se forma um líder e se desenvolvem pessoas capazes de decidir”, explicou.
Amaral concluiu com um alerta: “Empresas podem ter indicadores e processos perfeitos, mas nada se sustenta sem o equilíbrio emocional de quem conduz. Liderar é estar bem o sufi ciente para inspirar os outros”, encerrou.
“Transformação digital redefine negócios”
Seguindo a programação, o especialista em engajamento digital e diretor da Digital Cloud, Rodrigo Barbosa, fez um alerta: a transformação digital é realidade, e ignorá-la significa perder o trem da história. Para ele, a inteligência artificial (IA) deixou de ser tendência e passou a ser ferramenta para negócios de todos os portes. “Qualquer empresa pode aplicar IA para melhorar desempenho, atendimento e produtividade. Seja uma pousada, um hotel, uma loja ou uma indústria. Há soluções disponíveis e acessíveis. O primeiro passo é testar, aprender e estimular as equipes a experimentar”, orientou.
O avanço tecnológico, diz, muda a forma de aprender, produzir e decidir. “A inteligência artificial redefine o tempo e o ritmo das empresas. Quem não se adapta, fica para trás. Não se trata de substituir pessoas, mas de ampliar capacidades humanas e transformar o modo de pensar o trabalho”, explicou. Na avaliação dele, líderes precisam incentivar os funcionários a explorar novas ferramentas e fazer com que o uso seja prático. Áreas como sistemas em treinamentos corporativos, gestão de clientes e automação de processos, podem ser potencializados. “O atendimento pode ser transformado com uso de ferramentas inteligentes. Hoje é possível personalizar a experiência do cliente e gerar valor com base em dados e comportamento”, observou.
Barbosa encerrou sua exposição fazendo uma provocação: “Não há mais tempo para esperar. As empresas que entenderem primeiro o potencial da tecnologia serão as que definirão o mercado. Por isso, sugiro que se mantenham curiosos. A transformação digital é o presente”, finalizou.
“O Brasil precisa recuperar a produtividade”
No encerramento do EmpreInove 2025, o cientista político e professor Fernando Schüller apresentou a palestra “Brasil: o que vem pela frente?”. Reconhecido por análises sobre política e comportamento institucional, Schüller fez um panorama das perspectivas econômicas e políticas do país e defendeu o protagonismo da iniciativa privada como fator de estabilidade e crescimento.
Segundo ele, o Brasil enfrenta um ciclo longo de estagnação produtiva. “Há 40 anos, o país não cresce em produtividade nos setores de indústria e serviços. O único setor que avançou foi o agro, porque enfrentou competição internacional, investiu em tecnologia e se distanciou da burocracia estatal”, explicou. Schüller destacou que o problema central do país é a falta de segurança institucional e previsibilidade econômica para o setor empresarial. “Segurança jurídica é condição básica. Nenhum país cresce sem estabilidade. A cada década, o Brasil recomeça do zero, muda regras, políticas e incentivos. O custo disso é pago por quem produz e investe”, frisou.
O cientista político também enfatizou o papel da iniciativa privada na recuperação da confiança nacional. “O Estado precisa garantir o ambiente: competição, estabilidade jurídica e visão de longo prazo. O resto é com o mercado. É a sociedade produtiva que move o país, não a máquina pública”, defendeu. Para Schüller, o desafio dos próximos anos é construir um consenso em torno de produtividade e eficiência. “O Brasil gasta muito e entrega pouco. A administração pública precisa ser redesenhada com base em metas e resultados, e o setor privado deve assumir um papel ativo na formulação de políticas”, encerrou.
A 4ª edição do EmpreInove contou com o patrocínio de Corsan, Colégio Sinodal Gustavo Adolfo, Cooperativa de Crédito Sicredi Integração RS/MG, Lyall Construtora e Incorporadora, Dale Carnegie. O apoio foi do Instituto Nutels e BrasRede Telecomunicações.
Fonte: Grupo A Hora





