“O que nos permitiu completar 66 anos não é o que nos fará chegar aos 100.” A afirmação foi feita nesta quinta-feira (19) pela presidente da Piccadilly Company, Cristine Camila Grings Nogueira, ao explicar que, para continuarem competitivas no mercado, as empresas precisam estar abertas ao novo e serem criativas. A empresária foi palestrante de reunião-almoço (RA) promovida pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) e Fórum da Mulher Empresária (FME) da Acil.
Ao começar sua exposição, Cristine fez a apresentação da empresa que nasceu em 1955, em Igrejinha, e da vontade de fazer calçados que fossem essenciais às mulheres. “Na época, meu avô, fundador da empresa, e outros dois sócios produziam 12 pares de calçados por dia,” contou a palestrante. Hoje, a empresa tem duas unidades fabris, produz 30 mil pares por dia, tem mais de dois mil colaboradores, está entre as cinco maiores empresas calçadistas do país e exporta 35% de sua produção.
Mudanças
Cristine é da terceira geração na sucessão da empresa. Conta que, ao assumir o cargo, em junho de 2015, algumas mudanças tiveram que ser adotadas. “Há sete anos assumi o desafio de estar à frente da Piccadilly. Era um momento de crise no Brasil e, para nos mantermos fortes, implementamos uma série de mudanças no planejamento da empresa”, contou.
De acordo com Cristine, com o propósito de encorajar mulheres, a Piccadilly trabalhou no reposicionamento da marca; na evolução de seus produtos para atender todas as necessidades da mulher moderna; em uma nova estratégia comercial, ampliando o olhar sobre os canais multimarcas, monomarca e digital; e a transformação da cultura organizacional para haver o equilíbrio entre a preservação dos valores, essência e inovação.
A empresária explicou que, por se tratar de uma empresa familiar, as lideranças buscaram auxílio para fazer toda a estruturação para o melhor andamento dos negócios. “Buscamos apoio no sentido de governança para poder construir da melhor forma o nosso planejamento e continuar crescendo”, compartilhou.
Gestão de pessoas
Para a palestrante, as pessoas devem sentir-se parte da empresa, trabalharem motivadas para construir sonhos juntos. “Hoje somos uma marca global reconhecida pelo conforto, qualidade e design dos produtos. Tudo isso deve-se também às pessoas, pois acreditamos que, sem elas, nada acontece. Todo o processo de transformação depende das pessoas,” enfatiza.
Cristine explicou que as empresas precisam criar e investir em mecanismos para que as pessoas queiram estar trabalhando. “Não adianta investirmos em máquinas e grandes equipamentos se as pessoas não estão engajadas com o propósito da empresa. A motivação deve ser conjunta e o sonho deve ser coletivo”, frisou.
Pandemia
A chegada da pandemia, em março de 2020, provocou mais uma série de mudanças na Piccadilly. Segundo Cristine, o desafio era continuar mantendo sólida a empresa. “A chegada do coronavírus acelerou mudanças significativas que estavam sendo planejadas na Piccadilly, sendo elas necessárias para que o negócio continuasse saudável”, ressalta.
Na gestão da empresa, uma das principais perguntas era: como deixar o valor competitivo mantendo o mesmo padrão de qualidade dos produtos? Para isso, Cristine explicou que a empresa fez o movimento contrário do que as concorrentes. “Percebemos que, com a chegada da pandemia, muitas empresas não estavam preparadas para uma crise e começaram a se encolher. Foi neste momento que decidimos sair e mostrar mais ainda a Piccadilly”, destacou.
Mesmo com a distância física, a empresa manteve-se próxima do consumidor, colocando-o no centro de todas as decisões; aproximou-se do consumidor final com plataforma de e-commerce e expansão das lojas monomarca e investiu em marketing com grandes personalidades para aumentar a visibilidade e dar ainda mais valor à marca.
“Com todos esses investimentos, voltados principalmente à tecnologia e desenvolvimento de novos produtos, registramos, no segundo semestre do ano passado, um crescimento de 100%,” confirmou a empresária. Segundo ela, os investimentos realizados durante a pandemia são validados agora, no retorno das mulheres a sua rotina. “Muitas estão voltando ao trabalho, saindo do home office e tendo de volta sua rotina. Porém, todas elas querem manter o conforto nos pés”, concluiu.
Futuro
Cristine compartilhou que, no ano passado, a empresa fez um planejamento estratégico com planos de ação que dão a clareza de onde a empresa quer estar em 2025, quando completará 70 anos. De acordo com a empresária, o projeto foi feito por várias pessoas, para que todas elas se sentissem parte da história da Piccadilly.
“Com o planejamento estratégico nós, gestores, somos cobrados pelos acionistas pelo desempenho do negócio. Esse projeto está sendo formatado com a equipe, pois queremos ter pessoas felizes ao nosso lado e que também entreguem resultados e possam comemorar conosco o sucesso da empresa”, afirmou.
Para a empresária, os sonhos individuais devem ser tornados em sonhos coletivos. Quanto ao futuro da empresa, Cristine falou que o grande desafio é honrar o passado e manter a visão de inovar. “Para seguir, precisamos estar dispostos a aprender, desaprender e reaprender novamente e, se antes éramos apenas uma indústria, para chegar sólidos aos 100 anos precisamos também, aprender a ser varejo,” finalizou.
Ao final da exposição a palestrante, acompanhada da presidente da Acil, Graciela Ethel Black, e da representante do FME, Angélica Silveira, interagiram no palco, momento em que a convidada respondeu às perguntas dos participantes.
Apoio
As RA de 2022 da Acil têm o apoio de Bebidas Fruki, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), CBM Materiais Elétricos, Cooperativa Certel, Docile Alimentos, Excellence Garçons, Grupo A Hora, Imojel Construtora e Incorporadora, Cooperativa Languiru, Olicenter, Sicredi Integração RS/MG e Tecnosom.